Na Social
Tierri irmão do Gambá
Será que a arte é realmente capaz de gerar transformações?
No domingo, dia 15 de janeiro de 2012, o calçadão da
praia do Arpoador, na zona sul do Rio de Janeiro, foi ocupado por crianças e
jovens de diferentes favelas da cidade. O motivo não era um arrastão, a
área foi tomada por uma batalha; e, acreditem, foi o confronto mais provocador que
eu já presenciei na minha vida.
Os oponentes duelaram com muita honra e a maior arma capaz
de aniquilar o adversário era o corpo, que, ao som do tamborzão, reproduzia o
jeito irreverente de dançar daquele que recebeu o titulo do “Rei do Passinho” - Gualter
Rocha, mais conhecido como Gambá, assassinado no primeiro dia deste ano, após sair
de um baile funk no bairro de Bonsucesso.
Júlio Ludemir e Rafael Nike quando idealizaram a Batalha do
Passinho, que já percorreu varias comunidades do Rio de Janeiro, deram espaço ao
talento e à ousadia de crianças e jovens destacando um detalhe importantíssimo:
Os participantes são selecionados através de um criterioso processo de
levantamento de perfil, que formaliza a participação dos candidatos que estudam
e exercem boa conduta perante a sociedade.
Julio Ludemir e Rafael Nike
Este procedimento de seleção prova que a Batalha do Passinho não é
apenas mais um produto fútil da cultura periférica carioca! Mais uma modinha
para consumir. E mais uma vez Júlio Ludemir e Rafael Nike inovaram e
movimentaram cenário sócio-cultural realizando o primeiro Flash Mob
(aglomeração de pessoas em um local público, para realizar determinada ação
previamente combinada através de redes sociais) da periferia do Rio de Janeiro muito
bem personalizado, pois, toda a tradição
do passinho do Funk foi mantida, principalmente a reprodução da performance do
saudoso Gambá.
Gambá
E como todo bom confronto tem que eleger um vencedor, o “Flash
Mob do Passinho da Paz” atribuiu o primeiro lugar a um sentimento chamado
saudade, eleito por unanimidade pelo júri popular.
Infelizmente, o maior perdedor do confronto foi outro
sentimento - que anda de olhos vendados - chamado Justiça, pois até agora no palco
da vida precocemente interrompida do Gambá e de muitos outros jovens, ela vem
sendo ofuscada pela ausência de politicas públicas para juventude urbana.
jovens reproduzindo a coreografia do Gambá
E voltando à minha pergunta inicial, eu pude constatar que a
Arte é capaz, sim, de gerar transformações. Em virtude de toda tristeza, dor e
revolta que mobilizaram o “Flash Mob do Passinho”, a Arte mais uma vez transformou
estes sentimentos em uma celebração à vida.
É por isso que ela me provoca, me inspira e me faz acreditar
que os inconformados como eu, sempre vão se questionar sobre quantas vidas
precisarão ser interrompidas para que possamos promover mudanças de verdade?
Axé
Combatentte
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom mesmo Combatentte, infelizmente não pude ir no dia, mas com seu texto maravilhosamente bem escrito e emocionado, senti que a parada foi realmente boa.
ResponderExcluirParabéns.
Axé
Obrigada!
ExcluirAqui no Blog do Odoy-ia vai rolar muita coisa legal contamos sempre com a sua visita.
Realmente senti a sua falta, mas teve uma galera da Maré representando muito bem!
Axé
Combatentte
Ótimo! Adorei!
ResponderExcluirSim este foi o melhor relato sobre o que aconteceu neste evento.
Que legal Beá!
ExcluirAdoro suas palavras de força e incentivo, máximo respeito sempre!
Contamos sempre com sua visita aqui no Blog e brevemente nos shows também!!!!!!
Axé
Combatentte
A arte transforma tudo o que nós quisermos. A arte tem um poder incomparável de esclarecimento. Ela conscientiza. A arte é revolucionária, assim como seus textos. Parabéns, adorei.
ResponderExcluirUhuuuu!
ResponderExcluirUm comentário como este feito por um jornalista que possui experiência internacional é super motivador.
Sua visita ao nosso Blog será sempre uma honra!!!
Axé
Combatentte