segunda-feira, 30 de abril de 2012

Na social - Qual é o limite entre o Graffiti estético e de protesto




A Fabrica de Artes e Cidadania – FAC poderia ser apenas mais uma crew de graffiti, mais uma ONG, mais um coletivo de designer ou mais instrumento de manobra para satisfazer o ego dos colecionadores de artes plásticas.
Quer saber a real?
Então siga com a gente nesta trilha de tinta preta que discorre pelos muros, pelos quadros e pelas paredes do subconsciente de quem vem promovendo transformações sociais significativas em torno do caos urbano.
No seio da zona Norte do Rio de Janeiro, dentro do Centro de Referencia da Juventude - CRJ em Manguinhos a FAC tornou-se objeto de desejo dos jovens locais, que descobriram novas ferramentas como wild style (letras estilizadas), tags (letras), spray, software de edição de vídeos, maquete e entre outras.


Com estas ferramentas em punho crianças e jovens começaram a protagonizar sua própria historia dentro da comunidade os muros tomaram um injeção de cores, porém você sabe tanto, quanto eu que o Graffiti tem essa capacidade, mas o idealizador da FAC o Fabio Ema nunca se contentou apenas com a mudança estética, ele queria mais...





Foi necessário romper paradigmas, estabelecer uma nova visão, formalizar a instituição e enfrentar a dor da perda de um grande amigo para o tráfico, que hoje se encontra em cárcere privado para afirmar a legitimação de uma grande ação social de inclusão, formação e resgate.
Adesivos produzidos pelos alunos da FAC

E creia! A FAC mobiliza artistas musicais como o grupo “O Rappa” principal mantenedor institucional e possui parceiros nacionais e internacionais.
Alunos da FAC no CRJ - Maguinhos/RJ
Mas nada disso seria possível sem a união do Graffiti estético e do Graffiti de protesto, que proporciona para crianças e jovens um encontro na Arte Urbana na forma de desabafo consciente que minimiza conflitos, gera renda, fortalece o pensamento critico e reduz a depredação aos espaços públicos. 







Ainda bem que tem muita gente querendo fazer a diferença e multiplicando talento.
Graffiti de Fabio Ema

Painel no CRJ/Manguinhos
Sala de aula no CRJ/Maguinhos


Arte que transforma.

                          














  Máximo respeito!!!
                                    Axé!
                                                Combatentte


domingo, 11 de março de 2012


Na Social
                       Ser quilombola é reinventar o convívio em sociedade
                                                    
                              
A zona norte de Belo Horizonte identificada como uma das mais violentas da cidade, também surpreende pela ousadia de um grupo de mulheres que reinventa o convívio em sociedade, “Mulheres de Rocha” este é o nome do coletivo das guerreiras do Quilombo Mangueiras.
                                                 Quilombo Mangueiras - Belo Horizonte
Ao entrar no quilombo a sensação de atravessar um portal é fortíssima, a energia de resgate dos valores da cultura afro é fortemente representada na entrada por uma arvore que possui seu tronco envolvido com um pano vermelho no formato de um laço, certamente que esta arvore é uma mangueira.

Mesmo sendo um quilombo urbano situado às margens da rodovia para Santa Luzia, com luz elétrica e agua encanada, o tempo dentro desta comunidade é outro, um pequeno riacho que cruza todo território quilombola, nos convida para um mergulho profundo em nossa ancestralidade e as matas apresentam um cenário de acolhimento que silenciosamente pede nosso respeito para contemplar a natureza.

Obviamente qualquer pessoa imagina que o maior patrimônio de um quilombo é a natureza, mas o Quilombo Mangueiras simplesmente desmistifica toda essa visão generalista quando o assunto é resistência , a força feminina de um coletivo de mulheres negras e quilombolas, denominado “Mulheres de Rocha” que luta corajosamente pela manutenção dos valores sócio culturais afro brasileiros revirando as esferas do convívio social propondo uma convivência mais digna baseada principalmente no dialogo em função da troca de saberes, através de um formato simples gerando transformação social.

Elas me provaram que ser quilombola é muito mais do que pertencer a um refugio de escravos, conforme o significado da palavra quilombo definida nos dicionários brasileiros. Ser quilombola é um estado de espirito que anseia por liberdade, é um estilo de vida baseado na harmonia com a natureza resistindo a modernidade, as perseguições, ao descaso do poder publico e ao individualismo extremo.

As Mulheres de Rocha através da metodologia própria voltada a saúde, ao artesanato,  a culinária, a fitoterapia e da utilização da linguagem apropriada para cultura local fazem do Quilombo Mangueiras uma referencia de empoderamento que surge em meio aos caos urbano.  
Axé!!!

artesanatos




quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


Na Social 
 “Flash Mob do Passinho da Paz” muito mais que um produto fútil da cultura periférica carioca.
                                                                                        Tierri irmão do Gambá

Será que a arte é realmente capaz de gerar transformações?
No domingo, dia 15 de janeiro de 2012, o calçadão da praia do Arpoador, na zona sul do Rio de Janeiro, foi ocupado por crianças e jovens de diferentes favelas da cidade. O motivo não era um arrastão, a área foi tomada por uma batalha; e, acreditem, foi o confronto mais provocador que eu já presenciei na minha vida.
Os oponentes duelaram com muita honra e a maior arma capaz de aniquilar o adversário era o corpo, que, ao som do tamborzão, reproduzia o jeito irreverente de dançar daquele que recebeu o titulo do “Rei do Passinho” - Gualter Rocha, mais conhecido como Gambá, assassinado no primeiro dia deste ano, após sair de um baile funk no bairro de Bonsucesso.
Júlio Ludemir e Rafael Nike quando idealizaram a Batalha do Passinho, que já percorreu varias comunidades do Rio de Janeiro, deram espaço ao talento e à ousadia de crianças e jovens destacando um detalhe importantíssimo: Os participantes são selecionados através de um criterioso processo de levantamento de perfil, que formaliza a participação dos candidatos que estudam e exercem boa conduta perante a sociedade.


                                                                                               Julio Ludemir e Rafael Nike

Este procedimento de seleção prova que a Batalha do Passinho não é apenas mais um produto fútil da cultura periférica carioca! Mais uma modinha para consumir.  E mais uma vez Júlio Ludemir e Rafael Nike inovaram e movimentaram cenário sócio-cultural realizando o primeiro Flash Mob (aglomeração de pessoas em um local público, para realizar determinada ação previamente combinada através de redes sociais) da periferia do Rio de Janeiro muito bem personalizado, pois,  toda a tradição do passinho do Funk foi mantida, principalmente a reprodução da performance do saudoso Gambá.


                                                                                                            Gambá 

E como todo bom confronto tem que eleger um vencedor, o “Flash Mob do Passinho da Paz” atribuiu o primeiro lugar a um sentimento chamado saudade, eleito por unanimidade pelo júri popular.
Infelizmente, o maior perdedor do confronto foi outro sentimento - que anda de olhos vendados - chamado Justiça, pois até agora no palco da vida precocemente interrompida do Gambá e de muitos outros jovens, ela vem sendo ofuscada pela ausência de politicas públicas para juventude urbana.

                                                                     jovens reproduzindo a coreografia do Gambá

E voltando à minha pergunta inicial, eu pude constatar que a Arte é capaz, sim, de gerar transformações. Em virtude de toda tristeza, dor e revolta que mobilizaram o “Flash Mob do Passinho”, a Arte mais uma vez transformou estes sentimentos em uma celebração à vida.
É por isso que ela me provoca, me inspira e me faz acreditar que os inconformados como eu, sempre vão se questionar sobre quantas vidas precisarão ser interrompidas para que possamos promover mudanças de verdade?
Axé
Combatentte